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Por que psicanálise de casal-família e grupos pequenos?

No CEFAS, o curso de “Especialização em Psicanálise de casal, família e grupo” tem por objetivo oferecer recursos teóricos e técnicas que habilitem o profissional no desenvolvimento de atendimento de casal, familiar e grupal, possibilitando a compreensão e o desenvolvimento da escuta sobre os processos emocionais, utilizando referencial teórico psicanalítico, as teorias de grupo e dos vínculos de casal e família; possibilitar ao candidato uma experiência clínica supervisionada, através de atendimentos a casais, famílias e grupos pequenos na clínica-escola do CEFAS.

O curso trata-se de compreender os fatores inconscientes das múltiplas vicissitudes destes vínculos. O candidato poderá, além disso, ajudar a transformar um espaço de sofrimento psíquico repetitivo e esterilizante em um espaço criativo, fértil e de amadurecimento. Passar do estado de enamoramento ao estado de amor não é uma tarefa fácil para o ego. É necessário um trabalho analítico, do qual tentaremos dar conta, neste curso.

O enfoque sustentado no curso é o de diferenciar o espaço vincular, o espaço chamado de mundo interno-intra-subjetivo, do espaço do mundo externo-intersubjetivo. Para cada um deles, existem representações inconscientes.

Esta ampliação do campo da psicanálise à família-casal, bem como aos pequenos grupos, tem sido objeto de estudos e de desenvolvimentos teóricos por parte de muitos psicanalistas.

O CEFAS, ao oferecer o curso de “Especialização em Psicanálise de casal, família e grupo”- cadastrado no MEC – deseja dar clareza epistemológica, o que nos parece importante destacar é que utilizamos uma metodologia que tem como referência os parâmetros psicanalíticos habituais, tais como a regra da associação livre circulante de ideias, desejos e fantasias, a abstinência, o fenômeno inconsciente, bem como a interpretação psicanalítica que busca a transformação dos fenômenos inconscientes envolvidos nos vínculos.

O curso de especialização refere-se a um tipo de estrutura multipessoal que, por sua estabilidade e composição vincular, permite um mais claro desnudamento dos fenômenos vinculares à observação psicanalítica. Este passo é fundamental para facilitar o acesso do método a relações grupais mais transitórias e mais abrangentes.

O curso atende a teoria das configurações vinculares, entendida como um estudo psicanalítico dos vínculos e uma ampliação da Psicanálise tradicional Freudiana. Esta coloca o olhar no indivíduo, focando-o a partir de seu mundo intrapsíquico. A psicanálise das configurações vinculares parte de uma clínica da pluralidade, que desempenha um inconsciente vincular. Este, à forma de uma estrutura ou de uma rede, estaria subjacente aos vínculos: no casal-família, nos grupos e nas instituições.

Tais conceitos implicam na necessidade de discriminar dentro do aparelho psíquico, localizações ou espaços que componham este mundo interfantasmático, espaços estes chamados intra, inter e trans subjetivos. 

Observamos a atenção explícita que Freud (1913, 1921) presta aos fenômenos de grupo e de massa, não se explica somente por seu interesse de ampliar a competência de seus descobrimentos a níveis de realidade distintos da psique individual. Mas, ainda esta atenção não pode ser considerada unicamente deste aspecto científico. Também de sua situação pessoal em seu próprio grupo de estudos e de família. 

Este interesse está ligado às catástrofes coletivas, durante a primeira e segunda Guerra Mundial; o acesso dos fascismos na Europa e mais concreto, a ameaça do nazismo na Alemanha e Áustria, também poderiam dar conta deste interesse e outras razões. Estes foram os motivos que levaram Freud a escrever, com sete anos de intervalo, duas obras fundamentais que não podem reduzir-se a um simples exercício da Psicanálise aplicada: “Totem e Tabu” (1913) e “Psicologia das massas e análise do Ego” (1921).

Os períodos de desorganização social e cultural, que alteram a estabilidade dos referentes implícitos de uma cultura e se manifestam nas formas de seus mal-estares específicos, tem levado nas ciências humanas a prestar em cada um desses momentos uma atenção particular ao grupo e grupos especiais, casais, famílias e instituições.

A invenção psicanalítica da grupalidade (casal-família e grupos) se inscrevem no contexto das grandes rupturas da modernidade e também na história do movimento psicanalítico.

O grupo e os grupos especiais, casal-família, como construções do método psicanalítico, asseguram efeitos de conhecimento do inconsciente, de tratamento dos transtornos psíquicos, de transformação da relação do sujeito com sua história e se encontra, nos dispositivos psicanalíticos, interdiscursividade de associações livres circulantes; o sentar do paciente frente a frente; transferências e contratransferências, etc.

Tento me responder por que é oferecido o curso no CEFAS em “psicanálise de casal-família e grupo”. Creio que em psicanálise o trabalho grupal, de casal e família é mais importante que o trabalho individual. Esta é a minha impressão e, até minha esperança. Não que se deva desmerecer o trabalho individual, mas a prioridade deve ser dada ao trabalho em grupo, principalmente quando se entende psicanálise como um processo mais de autoconhecimento, e de aprimoramento do ser humano. Se nos “curamos” de algumas de nossas doenças, isto é consequência do processo de aprendermos a administrar melhor a nós mesmos. Em ultima análise, os conflitos emocionais, é o porta-voz anônimo e mais dramático de um país que tem uma população de duzentos e dez milhões, onde a demanda de saúde mental é imensa. A população carece urgentemente de melhor assistência psicoterapêutica. Faltam recursos para isso, e o número de profissionais que estão capacitados a atendê-la, infelizmente, ainda é também pequeno.

Aqui está, também, outra preocupação que no campo das instituições que congregam profissionais da saúde mental, assistimos, por exemplo, a aplicação de atendimentos individuais, do que o exercício de práticas inovadoras no campo das técnicas de grupos e grupos especiais, de casais, famílias, nas instituições e comunidades (Veloso, 1987).

É importante, portanto, que se algum caminho existe para a superação das carências de atenção de saúde da população, este caminho terá que passar, inevitavelmente, pela qualificação em larga escala de novas estratégias clínicas e profiláticas. Neste sentido é urgentemente necessário difundir, com maior rapidez e eficácia, os referenciais das psicoterapias psicanalíticas de casal-família e pequenos grupos (PY, 1987).

Esta é mais uma boa razão para justificar a apresentação deste trabalho, que possa vir a contribuir para a ampliação das práticas de psicanálise de casal, família e grupo em nossa realidade, atrair mais profissionais para esta área e contribuir para a sua formação. O CEFAS em seus 25 anos de existência têm desenvolvido a “Especialização em Psicanálise de casal, família e grupo”.

Referências bibliográficas:

Freud, S. (1913) Totem et Tabou. Paris, Payot, 1947.

Freud, S. (1991) Psychologie des foules et analyse du moi. En essais de psychanalyse. Paris, Payot, 1981.

PY, L.A. (1987) Porque psicanálise de grupo. Editora Rocco, Rio de Janeiro.

Veloso (1987) Grupo sobre grupo. Editora Rocco, Rio de Janeiro.

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