fbpx

Entre com sua busca

post

Psicanálise e psicoterapias psicanalíticas: casal-família e grupo e suas raízes históricas

O presente texto visa esclarecer e compartilhar nossa experiência teórica e clínica sobre “psicanálise” e psicoterapias psicanalíticas de casal, família e grupo, suas raízes históricas e situação atual.

A prática psicanalítica de casal, família e grupo e os paradigmas científicos atuais da subjetividade, movimentam e organizam novos debates.

O CEFAS desde uma perspectiva integradora estuda a psicanálise de casal, família e grupo na coprodução de novos saberes almejando romper o isolamento e encontrar vias alternativas a processos de alienação.

O CEFAS oferece cursos de pós-graduação em psicanálise e psicoterapias, promove a profissionalização e a formação continuada há quase  25 anos. O nosso objetivo não se limita aos cursos de pós-graduação, procuramos mobilizar os pontos cegos do campo profissional para conseguir uma discussão mais rica e melhor fundamentada sobre nossos modos de atuar. Buscamos soltar o pensamento num resgate do respeito pela dignidade humana.

Nesta comunicação somos motivados a pensar o que é “psicanálise” e “psicoterapias psicanalíticas de casal, família e grupo” e o conceito de formação no CEFAS: 

A psicanálise é um método científico de investigação e de tratamento do sofrimento psíquico, que investiga os processos mentais inconscientes, através da escuta psicanalítica.

O pensamento e a prática clínica psicanalítica são reconhecidos hoje como uma das mais influentes contribuições para a psicanálise sobre a investigação da psique humana. Assim, a psicanálise trouxe instrumentos teóricos e práticos inéditos e importantes intuições para a clínica de adultos e crianças.

O exercício da investigação psicanalítica, que começa pelo relacionamento entre o consciente e inconsciente, é considerado como uma  ciência que busca tanto a verdade, quanto a ética.

Em relação ao que é psicoterapia psicanalítica de casal, família e grupo, a abordagem está baseada em dois desenvolvimentos específicos: o da prática psicanalítica das relações de objeto, procedente principalmente do trabalho de Freud e Melanie Klein e sua aplicação e o da compreensão das relações grupais seguindo os trabalhos de W. R. Bion, Foulkes, Elliott Jaques e outros como Pontalis, Anzieu, Kaës, da escola francesa. A característica comum deles é o significado atribuído ao papel representado pela fantasia inconsciente na elaboração e desenvolvimento de relacionamentos humanos. Todos enfatizam o uso de sentimentos imediatos espontâneos para elucidar esses mundos internos psíquicos de relacionamentos ou fantasias compartilhadas, na medida em que aparecem dentro dos limites da sessão. Por isso, a importância atribuída aqui para o oferecimento de uma chance aos membros do grupo ou família de entrarem em contato com o que seus sentimentos e serem capazes de pensar coletivamente sobre eles.

Sobre “aprender com a experiência”, Bion discute a relação entre a experiência de frustação e a capacidade de encarar a realidade. Nos lembra de como Freud reconheceu o pensamento como sendo inicialmente estimulado em resposta à experiência de frustração.

 Em relação ao conceito “formação psicanalítica” do candidato no CEFAS:

Tornar-se analista é um processo que busca investigar o nosso mundo intrapsíquico e o mundo interno mental do outro. A formação psicanalítica no CEFAS busca desenvolver no candidato as condições para que este processo ocorra, a partir do tripé da psicanálise: a) seminários teóricos-técnicos clínicos; b) supervisão,c) análise pessoal. . O CEFAS, através da sua experiência como instituto formador, oferece um conselho aos candidatos para que refletam antes do seu ingresso. Pois, é importante ter empatia e curiosidade pelo mundo psíquico e pela vida mental das outras pessoas. Como também é necessário o interesse pela cultura, ciência, arte, filosofia e as relações humanas. Ou seja, é fundamental a valorização do que é humano e a ética.

A psicanálise de grupo se inscreve no contexto das grandes rupturas da pós-modernidade e no movimento psicanalítico. Nesta primeira, o grupo aparece antes de tudo como um modelo da organização e do funcionamento intrapsíquico. É uma forma e um processo da psique individual. Freud chama grupo psíquico a um conjunto de elementos (fantasmas, representações, afetos, pulsões, etc), ligados entre si por investimentos mútuos, que formam certa massa e funcionam como estímulos de ligação. Ainda, Freud descreve formações psíquicas intermediárias e comuns da psique do sujeito singular e aos conjuntos (famílias, grupos, classes, etc) das quais ele é parte constituinte e parte constituída.

No tempo entre guerras, as primeiras formulações de Freud sobre a psique de grupo e sobre a psicologia das massas proporcionavam as bases teóricas para introduzir os primeiros psicanalistas no caminho de uma psicanálise aplicada aos grupos e grupos especiais, casais e famílias.

Um dos primeiros focos da invenção psicanalítica de grupo se forma em Londres, 1940, poucas semanas depois da morte de Freud, meses após o início da Segunda Guerra Mundial. Psicanalistas de sensibilidade, Bion e Foulkes, põem início a “Psicanálise de grupo”, que institui o modelo da cura e, a partir desta nova situação psicanalítica, fundam as bases de uma teoria psicanalítica aplicada nos grupos.

Neste sentido amplo, a psicanálise de grupo é um método de investigação das formações e dos processos psíquicos, que se desenvolvem num grupo. Assim, a psicanálise de grupo, família e casal é uma técnica de psicoterapia psicanalítica de grupo.

Depois, na França, os psicanalistas Missenard; Sapir; Pontalis, J. B; Anzieu, D; Käes, R; Béjarano e Lacan, tem uma influencia decisiva em toda esta efervescência de psicanálise de grupo. Estes psicanalistas propõem a possibilidade de uma escuta psicanalítica aplicada a um contexto grupal. Nos grupos, como no campo psicanalítico da cura clássica, se desenvolvem fenômenos de transferência que sofrem as vicissitudes da situação multipessoal. O discurso manifesto livre (associações livres) de um grupo deve ser observado psicanaliticamente, como ocultando e expressando um discurso latente. É necessário decifrar esse discurso latente a fim de restaurar seu sentido e levar ao grupo a consciência dele.

Finalmente, na Argentina Pichon-Rivière e Bleger apresentam contribuições específicas que fazem articulação consistente entre o espaço psíquico individual e o espaço psíquico do grupo e das instituições. O conceito do vínculo é central na obra de Pichon-Rivière e o conceito de esquema conceitual referencial e operativo (ECRO).

Assim, a transformação introduzida no paradigma metodológico da psicanálise pelo dispositivo do grupo habilita novos campos de conhecimento do inconsciente e de tratamento dos transtornos psíquicos. O grupo é um processo capaz de modificar radicalmente a pessoa, que adquire sua independência e a estrutura do grupo. É uma das técnicas fundamentais no tratamento dos processos psíquicos. O grupo é uma conquista da civilização, como também, garante o desenvolvimento da vida psíquica. Portanto, o grupo é considerado como lugar da manifestação do inconsciente de cada sujeito-participante.

Terzis (2010) nas três últimas décadas, orientou mais de 100 trabalhos de mestrado e doutorado dedicados ao campo da psicologia e psicanálise, no curso de pós-graduação em psicologia PUC Campinas e 120 trabalhos de conclusão de cursos de Formação e Especialização no CEFAS. O autor concluiu que o grupo é considerado uma tópica individual projetada, um espaço específico dos processos e da formação do inconsciente. Ainda, considera o grupo como um dispositivo através do qual são determinadas as produções do inconsciente, que constituem a intrasubjetividade, intersubjetividade e transubjetividade. 

As pessoas que fazem parte do grupo são movidas pela necessidade de enfrentar seus problemas pessoais e conquistar sua independência e autonomia. Por esse motivo, devemos estar permanentemente atentos à articulação das teorias a fim de contribuir para a criação de uma epistemologia da psicanálise dos grupos. O nosso continente necessita dessas técnicas psicanalíticas diante de uma realidade social de escassos recursos econômicos e poucos técnicos para assistir a uma quantidade enorme de pessoas.

Esta é a descrição esclarecedora sobre a evolução do relacionamento da psicanálise de grupo com sua antepassada psicanálise, desde as primeiras elaborações.Espero que essa comunicação possa trazer esclarecimentos relacionados ao que seja psicanálise aplicada aos grupos.   

No Comments

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.